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sexta-feira, 27 de abril de 2012

Redescobrindo o tingimento caseiro

Por Michael Tortorello, The New York Times News Service/Syndicate
Grifos meus.
Samantha

Os alquimistas em formação, assim como Sasha Duerr, frequentemente são abordados por desconhecidos que lhes pedem para demonstrar seus poderes aquecendo um caldeirão no quintal. É uma forma de vida, e Duerr geralmente fica feliz em experimentá-la. Recentemente, em uma tarde de segunda-feira, ela tinha providenciado três fogões a propano de acampamento e catado alguns itens para ferver.

Duerr, de 36 anos, pretendia mostrar como é fácil transmutar plantas comuns em corantes de tecidos naturais de rara beleza. A fórmula é um segredo conhecido desde os tempos de Plínio, o Velho: encha uma panela com água, adicione uma cesta de folhas e um lenço de seda, traga a poção para ferver. Espere, então, a mágica acontecer.

Duerr montou sua mesa dobrável na Faculdade de Artes da Califórnia, em Oakland, onde ela é professora de design têxtil. "Dois anos atrás, fizemos esse jardim", disse ela, caminhando para um canto sombreado, perto de um galpão com suprimentos a ser utilizado em caso de terremoto. Antes disso, o espaço desgrenhado "era uma espécie de lar para projetos rebeldes de arte".



Em três ou quatro canteiros feitos de tijolos recuperados, Duerr plantou uma "linha do arco-íris".

A raiz da garança dá origem a um vermelho profundo. "As raízes de papoula fazem um amarelo alaranjado", disse ela. De vinhas de feijão-fava, vem um verde claro. "Também dá para comer as folhas de fava", disse Duerr, partindo um pouco de folhagem para fazer um lanche rápido.

Do outro lado da rua do jardim, um restaurante Wendy's anunciava um sanduíche de frango crocante a um preço incrivelmente baixo. Duerr acredita que o equivalente do "fast food" é o "fast fashion": um processo industrial feito à base de um consumo excessivo triste e de subprodutos nocivos.





Por outro lado, era seguro para Duerr, grávida, preparar o lote de corantes botânicos daquele dia (ao que parecia, ela estava com cerca de 48 semanas). Quanto ao desperdício, Duerr afirmou: "Eu quase nunca compro nada novo." Naquela tarde, por exemplo, ela estava usando um top de grávida de segunda mão, de cor amarelo lima, que tinha tingido com erva-azeda-amarela (também conhecido como erva-canária), uma erva daninha da Califórnia.

Uma abelha pousou em sua camisa. "Isso acontece o tempo todo quando trabalhamos com corantes naturais", disse ela. "Já aconteceu de beija-flores virem e pousarem no meu ombro. Tenho certeza de que são os feromônios das plantas. Eles veem a cor como algo vivo."

Na verdade, a arte de tingimento natural está praticamente morta desde a era vitoriana. No entanto, a experiência de Duerr tem mostrado que uma nova onda de interesse no cultivo de corantes botânicos têm florescido.




Em um loteamento antes abandonado no bairro do Brooklyn, em Nova York, um novo jardim de corantes e um programa de Agricultura Apoiada pela Comunidade começarão nesta primavera. O Centro de Artes Têxteis, que está ajudando a dar início ao jardim, vai oferecer não apenas materiais vegetais, mas uma oficina e acesso ao seu estúdio. Todos os 10 lotes oferecidos foram vendidos em meados de março.

Os corantes naturais existem ao nosso redor, disse Isa Rodrigues, de 26 anos, que organiza o programa Sewing Seeds do centro, mas "as pessoas não os conhecem". As cores podem vir de flores comuns (como dálias e cravos); folhas de árvores (bordo japonês, árvore-do-âmbar); frutos silvestres (amora, baga de sabugueiro), ervas (hortelã, alecrim), nozes e conchas (bolota, casca de nogueira negra), e cascas (bétula, madrone).

Toda planta é um corante em potencial.



Em manuais antigos, muitas vezes é possível identificar as plantas tradicionalmente utilizadas para tingimento – garança, pastel, índigo verdadeiro – a partir da palavra "tinctoria" ou "tinctorum" na nomenclatura botânica. No entanto, Pamela Feldman, de 58 anos, sempre precisou identificar esses espécimes misteriosos para os jardineiros da comunidade que compartilham o terreno do antigo Sanatório Municipal de Tuberculose de Chicago.

Nesta primavera, porém, suas plantas, cuja aparência lembra a de ervas, podem se tornar algo menos exótico. Na reunião de planejamento anual, Feldman descobriu que "existem outras quatro pessoas no jardim cultivando plantas naturalmente usadas para tingimento".

Os conhecimentos sobre técnicas sustentáveis de tingimento parecem estar se disseminando como se fossem pólen. Durante 17 anos, Feldman publicou o Turkey Red Journal (turkeyredjournal.com), um periódico semestral que aborda temas recônditos, como corantes de lama japoneses e coloração à base de cogumelos escandinavos. Mas a maioria dos tintureiros parece se formar por meio de oficinas ou cursos profissionalizantes.






Por exemplo, Elissa Meyers, de 24 anos, da casa de tingimento Blue Red Yellow, na Filadélfia, estudou no Artisan Natural Dyeworks, em Nashville, no Tennessee. Agora, Meyers e sua sócia, Mira Sophia Adornetto, de 33 anos, estão dando orientações em um novo jardim comunitário de tingimentos, no Oeste da Filadélfia, que vai ensinar o ofício a crianças da vizinhança.

Por sua vez, Duerr relatou que sua pesquisa e grupo de educação sem fins lucrativos, o Instituto Permacouture, foi recentemente inundado por "pedidos de estágios", disse ela. "Da Finlândia, da Índia."

As pessoas querem entender as origens dos tecidos que vestem. E o interesse vai muito além das províncias de Berkeley e Brooklyn. O público mais entusiasta de Duerr nos últimos anos, contou ela, foi o de uma turma da Universidade do Norte do Texas, nas margens do Fort Worth Metroplex, região metropolitana de Dallas. Os estudantes esperam dar início a um jardim de tingimentos lá em breve.


O que todos esses artistas veem nos corantes naturais? "Para mim, obter a cor é parte da arte", disse Feldman a respeito dos tapetes que tece. "Caso contrário, seria um trabalho feito por outra pessoa."

Antes de Sasha Duerr se tornar artista de tecidos, ela foi pintora. Mas as tintas a óleo lhe davam náuseas e dores de cabeça. Qual era o sentido de fazer uma arte ecológica, pensou ela, se a toxicidade do processo fazia com que ela adoecesse? (Deixemos esse tipo de arte performática masoquista para Marina Abramovic).

Na faculdade, Duerr começou a pesquisar a respeito de como formular suas próprias tinturas por meio do esmagamento de minerais. Era uma investigação obscura – quase oculta. "Ninguém no meu departamento sabia me dizer realmente como fazer isso", lembrou ela.

Quando ela finalmente encontrou especialistas em cores naturais, eles eram, surpreendentemente, mulheres que ela conhecia desde a infância. Os pais de Duerr haviam seguido o movimento back-to-the-land ("de volta à terra") até uma fazenda na região do leste de Maine. Algumas de suas companheiras de viagem – agricultoras e artesãs – tinham redescoberto os corantes naturais na década de 1970.



No entanto, alguns dos agentes de fixação de cor daquela época eram coisas bastante desagradáveis: sais minerais como o cromo e o estanho. Essas soluções são mordentes e ambas podem intensificar tons e tornar os tecidos mais resistentes à luz e à lavagem. Em seu guia introdutório "The Handbook of Natural Plant Dyes" ("O Manual dos Corantes Naturais de Plantas", em tradução livre), Duerr sugere banhos com soluções mordentes mais leves derivadas do sulfato de alumínio, o que por vezes funciona como uma substância de decapagem.

O ferro é outra opção, e é provável que você não precise comprá-lo. Duerr produziu um frasco que continha uma essência alaranjada, de cor pálida. "Peguei os pregos do meu marido", disse ela. "Eles estavam em um balde no galpão, enferrujando."




Uma das aprendizes de Duerr, Sierra Reading, de 22 anos, pegou uma tigela de metal em uma das enormes panelas de corante que estavam borbulhando no fogão. Era água de casca de cebola, e tinha cor de mogno. Um respingo do mordente de ferro – apenas algumas colheres de sopa – atingiram o caldo de cebola como se fossem creme no café. De repente, o líquido tinha virado um intenso chá verde.

Um mordente, por si só, pode transformar um tecido. Alyssa Pitman, de 32 anos, estudante e assistente de ensino, abriu sua blusa de moletom e revelou uma camiseta branca que tinha tingido. O corante tinha vindo de ervas daninhas encontradas na beira da estrada; o ferro, de acessórios de barcos antigos. Com o tempo, os tons vegetais tinham desaparecido (um fenômeno chamado de cor "evanescente"). Mas com o uso do ferro, uma estampa básica em forma de anel permaneceu, criando uma camiseta perfeita para ser vendida em um parque temático de Richard Serra.



"Eu acho que o tingimento natural me torna mais consciente do que existe no meio ambiente", disse Pitman. "Tem um monte de coisas enferrujadas no mundo."

Após passar uma hora, Reading pegou um par de pinças e começou a puxar pedaços de seda de diferentes fornadas de tingimento. Ela os colocou sobre a mesa branca e começou a tratar o tecido com suco de limão. Primeiro, o lenço de tecido saído de um ensopado de repolho roxo pareceu turquesa. Porém, assim que um toque de ácido atravessou a fibra, partes dela tinham adquirido cor de ariela. Cinco minutos depois, as manchas ficaram com um rosa vibrante.

"A coisa da alquimia não era brincadeira", disse Duerr. Ela lançou uma pitada de bicarbonato de sódio em um tecido que tinha sido tingido por flores e folhas de capim-azedo. Ele passou de amarelo para um tom de terra que lembrou a década de 1970, aquele laranja acobreado, digamos, de um terninho de Betty Ford.

"Essa cor pegou bastante neste ano", disse Duerr. "A moda sempre se recicla."


Lindo né? Adorei! Que tal fazermos alguns experimentos? vai ser no minimo divertido.
Beijos,
Sam






quinta-feira, 26 de abril de 2012

As Patricias e a moda sustentável. Entrevista.


As patricias são Patrícia Parenza e Patrícia Pontalti, jornalistas e consultoras de moda e estão à frente de uma empresa diferenciada, que reúne diversos serviços na área de moda e design.  Em seis anos, aspatrícias já atuaram para diversos clientes, como Piccadilly, Ramarim, Dakota, Rabusch, Shopping Total, Renner, Kildare, SENAI, Shopping Moinhos entre outros."

É uma combinação perfeita de Patrícias, uma loira e uma morena, sempre impecáveis nos looks e na simpatia. As Patis são super competentes e atenciosas com a mídia e com o público, e este jeito acessível delas, é um diferencial no meio da moda.  Diferente de muitos, elas mostram sempre muito trabalho e amor pelo que fazem, sem guerra de ego, sem querer parecer mais, sem ares de superioridade. Elas são gente como a gente, com dose extra de talento! 


Quer saber a opinião delas sobre moda sustentável? Então aproveita a mini entrevista abaixo. E fique de olho, se ouvir sobre "as patricias" por ai, é quente!

Sam: O que é moda sustentável para vocês?

Patis: Há várias formas da moda se tornar sustentável. Uma delas, sem dúvida, é quando se aplicam processos não agressivos ao meio ambiente na fabricação das peças. A outra é quando se recicla o que já existe de alguma forma, usando materiais excedentes, reformando, comprando em brechós, promovendo trocas entre amigas.


Sam: O que vocês acham da moda do "re-usar"?

Patis: Não tem como não achar bárbaro, afinal, estamos falando de personalização de estilo e também de consciência ecológica. Quando se garimpa uma peça, imprimimos um toque diferenciado, singular ao nosso estilo. E estamos evitando um novo processo de produção.  

Gostou? Então aproveite para ler O site das moças : www.aspatricias.com.br, que integra o casting do Universo On-Line (UOL),e traz diariamente notícias de moda e variedades. Eu "Super" indico!

Beijos,
Sam

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Entrevista: Adriana Bechara, da revista Glamour.


Neste mês, as bancas brasileiras receberam a primeira edição nacional da revista glamour. A primeira edição internacional, lançada nos EUA em 1939, se chamava Glamour Of Hollywood e tinha ninguém menos que Betty Davis na capa. Na nossa primeira edição, Juliana Paes foi escolhida para estampar a capa e contar seus segredos no miolo da revista.


Mas o que me faz escrever este post é a reportagem “Paquitas de Luxo” (pg. 80), uma entrevista com algumas ex e outras atuais “dasluzetes”, ou seja, vendedoras da Daslu, o império de luxo criado por Eliana Tranchesi (1947-2012). Para quem não sabe Eliana foi condenada a 94 anos e meio de prisão por formação de quadrilha, fraude em importações e falsidade ideológica.(Saiba mais aqui)

A entrevista de Alvaro Leme tem a seguinte introdução: “Reunimos sete moças que fizeram história na Daslu e perguntamos tudo que você sempre quis saber sobre a profissão de “dasluzete”, o mito Eliana Tranchesi...” Pera aí, eu pensei, será que perguntaram tudo mesmo que queremos saber sobre Eliana Tranchesi? O mito?

Quando li a entrevista tive minha resposta: não. Faltou perguntar o que as meninas de Eliana achavam sobre seus atos desonestos... Fiquei com uma pulga atrás da orelha: será que estas também são as opiniões da revista sobre a empresária?

Para conseguir a resposta, conversei com Adriana Bechara, diretora de moda da revista, que esteve em Porto Alegre para um bate papo durante o “Moinhos Preview”, evento do shopping Moinhos de Vento, que esta acontecendo esta semana e tem a curadoria de “As Patrícias”.

Já adianto que Adriana além de simpática, simples, gente como a gente (Sim, ela é tudo isso mesmo!) foi super sincera nas suas respostas, e no final da entrevista ainda comentou: “ adorei as tuas perguntas, viu?”

E eu adorei as respostas, Adriana!



Segue a entrevista com a moça, que antes de assumir a parte de direção de moda da Glamour foi Editora sênior de moda da Vogue Brasil.

S: Do ponto de vista da lei, sonegar imposto ou desviar dinheiro, como fazem alguns políticos, é usar ilegalmente dinheiro dos cofres públicos. Porque Eliana Tranchesi continua sendo “endeusada” como Mito mesmo após a comprovação de seus atos ilícitos, ao ponto da revista Glamour ter publicado uma matéria abordando somente os pontos positivos da empresária, sem fazer ressalvas, como se ela fosse um exemplo?


AB: Eu te diria que a Glamour não fez uma matéria sobre a Eliana, fez uma matéria sobre as “dasluzetes” e elas falaram sobre a Eliana. Algumas revistas fizeram matérias sobre a Eliana, não a Glamour. Eu acho que o fato dela ter ficado doente, e ter sido a criadora de todo este magnetismo em torno do mercado do luxo não elimina os defeitos dela ou os erros que ela cometeu durante sua vida. Existe um lado que é muito admirado e respeitado e existe outro lado comprovado, de que ela não foi uma pessoa ética nem profissional, como se espera de um empresário de moda.
A matéria foi sobre o Glamour que significou num determinado momento, ser uma “dasluzete”. Antes de todos os problemas fiscais que a Eliana teve, ser dasluzete foi muito glamouroso. Hoje não é como foi no passado, para algumas meninas pode ser uma referência, mas não como foi naquele ápice, quando não existia nenhuma suspeita sobre atividades ilícitas na questão fiscal da Daslu.

S: O que é moda sustentável para você? 


AB: É uma longa caminhada. A consciência de que você esta comprando de uma grife de empresários que tiveram uma preocupação social, é um começo, uma ponta de um iceberg que vai se tornar algo muito importante na vida das pessoas daqui pra frente, mas infelizmente ainda não é assim, a moda sustentável ainda é um mito.

S: O que você acha da moda do “Re-usar”?


AB: Sou suspeita para falar. É história. Gosto do estilo individual, que é uma coisa que cada vez vai crescer mais. Mas acho também que o desejo consumir uma roupa nova, se olhar de uma forma diferente, experimentar algo que você nunca experimentou, usar algo que você nunca usou, misturar uma renda com couro etc., é um reflexo do tempo em que você esta vivendo, é atualidade, contemporaneidade, e isso nunca vai acabar. Experimentar coisas novas é natural do ser humano, mas eu sou super a favor de misturar as roupas, ter uma peça vintage, principalmente se for de família, principalmente se for algo que não seja a tendência agora, e se a pessoa souber vestir isso de uma maneira própria.



Encantada com o despojamento e a simpatia da “guria”, pedi que ela assinasse a minha primeira edição da Glamour, e ela prontamente assinou e disse “Que legal, adorei, nunca assinei uma revista. Seu nome é com H?”, Adriana é exatamente tudo que se espera de uma editora de moda, por ser tão verdadeira ela se torna tão glamourosa.